domingo, 15 de maio de 2011

Naturalismo

Naturalismo

Tendência das artes plásticas, da literatura e do teatro surgida na França na segunda metade do século XIX. Manifesta-se também em outros países europeus, nos Estados Unidos e no Brasil. Baseia-se na filosofia de que só as leis da natureza são válidas para explicar o mundo e de que o homem está sujeito a um inevitável condicionamento biológico e social.
As obras retratam a realidade de forma ainda mais objetiva e fiel do que no realismo. Por isso, o naturalismo é considerado uma radicalização desse movimento. Nas artes plásticas não tem o engajamento ideológico do realismo, mas na literatura e no teatro mantém a preocupação com os problemas sociais.
Influenciados pelo positivismo e pela Teoria de Evolução das Espécies, os naturalistas apresentam a realidade com rigor quase científico. Objetividade, imparcialidade, materialismo e determinismo são as bases de sua visão de mundo. Características do naturalismo existem na França desde 1840, mas é em 1880 que o escritor Émile Zola (1840-1902) reúne os princípios da tendência em seu livro de ensaios O Romance Experimenta.

Artes plásticas -A pintura dedica-se a retratar fielmente paisagens urbanas e suburbanas, nas quais os personagens são pessoas comuns. O artista pinta o mundo como o vê, sem as idealizações e distorções feitas pelo realismo para expor posições ideológicas. As obras competem com a fotografia.
Em meados do século XIX, o grande interesse por paisagens naturais leva um grupo de artistas a se reunir em Barbizon, na França, para pintar ao ar livre, uma inovação na época.
Mais tarde essa prática será adotada pelo impressionismo. Um dos principais artistas do grupo é Théodore Rousseau (1812-1867), autor de Uma Alameda na Floresta de L'Isle-Adam. Outro nome importante é Jean-Baptiste-Camille Corot (1796-1875).
O francês Édouard Manet (1832-1883) é um nome fundamental do período, fazendo a ponte do realismo e do naturalismo para um novo tipo de pintura que levará ao impressionismo. Ele retrata a realidade urbana sem muito da carga ideológica do realismo. Influencia os impressionistas, assim como é por eles influenciado. Fora da França destaca-se o inglês John Constable (1776-1837).
Literatura -A linguagem dos romances é coloquial, simples e direta. Muitas vezes, para descrever vícios e mazelas humanos, usam-se expressões vulgares. Temas do cotidiano urbano, como crimes, miséria e intrigas, são usuais. Os personagens são tipificados: o adúltero, o louco, o pobre.
A descrição predomina sobre a narração, de tal modo que se considera que os autores, em vez de narrar acontecimentos, os descrevem em detalhes. Acontecimentos e emoções ficam em segundo plano. O expoente é Émile Zola, autor de Nana e Germinal. Também são naturalistas os irmãos Goncourt, de Germinie Lacerteux.
Teatro -As principais peças são baseadas em textos de Zola, como Thérèse Raquin, Germinal e A Terra. A encenação deste último constitui a primeira tentativa de criar um cenário tão realista quanto o texto. Na época, o principal diretor de peças naturalistas na França é André Antoine (1858-1943), que põe em cena animais vivos e simula um pequeno riacho.
Outro autor importante do período, o francês Henri Becque (1837-1893), aplica os princípios naturalistas à comédia de boulevard, que ganha caráter amargo e ácido. Suas principais peças são A Parisiense e Os Abutres. Também se destaca o sueco August Strindberg (1849-1912), autor de Senhorita Júlia.
NATURALISMO NO BRASIL -No país, a tendência manifesta-se nas artes plásticas e na literatura. Não há produção de textos para teatro, que se limita a encenar peças francesas.
Nas artes plásticas está presente na produção dos artistas paisagistas do chamado Grupo Grimm. Seu líder é o alemão George Grimm (1846-1887), professor da Academia Imperial de Belas-Artes. Em 1884, ele rompe com a instituição, que segue as regras das academias de arte e rejeita a prática de pintar a natureza ao ar livre, sem seguir modelos europeus. Funda, então, o Grupo Grimm em Niterói (RJ). Entre seus alunos se destaca Antonio Parreiras (1860-1945). Outro naturalista importante é João Batista da Costa (1865-1926), que tenta captar com objetividade a luz e as cores da paisagem brasileira.
Na literatura, em geral não há fronteiras nítidas entre textos naturalistas e realistas. No entanto, o romance O Mulato (1881), de Aluísio Azevedo (1857-1913), é considerado o marco inicial do naturalismo no país. Trata-se da história de um homem culto, mulato, que vive o preconceito racial ao se envolver com uma mulher branca. Outras obras classificadas como naturalistas são O Ateneu, de Raul Pompéia (1863-1895), e A Carne, de Júlio Ribeiro (1845-1890). A tendência está na base do regionalismo, que, nascido no romantismo, se consolida na literatura brasileira no fim do século XIX e existe até hoje. (1836-1912) e França Júnior (1838-1890)

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